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Mensagem da Semana

E, eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra. Apocalipse 22:12

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

DE CODÓ PARA PARIS: jovem é selecionado para antologia francesa

O jovem Tarcísio Lima está entre os escritores selecionados para a antologia de contos “Je suis encore favela”, da editora francesa Anacaona, especializada em literatura marginal brasileira e que já publicou grandes autores como Ferréz. O lançamento acontece na cidade de Paris, em março de 2018.

Nascido em Codó (MA) e morador de Manguinhos, Tarcísio tem 22 anos, é estudante de Pedagogia do Instituto de Educação e escreve contos, poesias e artigos desde criança. Ele recebeu o convite após o lançamento do livro de narrativas curtas da Flupp Pensa 2016, em que publicou seu primeiro conto, “Tiroteio em Terra de Cego”.

– Nunca imaginei que receberia essa oportunidade e chegar aonde cheguei, mas quero ir além. O que foi extraído das ruas deve voltar pras ruas, pelas crianças, pela favela e por mim mesmo, resume.

Confira abaixo um trecho do conto selecionado:

A culpa foi do professor
“O sol já havia se inclinado quando eu ouvi o primeiro grito da minha mãe:
– Pedro Henrique, acorda pra você não se atrasar pra escola!!!!

Em meio ao sono e à preguiça, levantei. Caminhei ainda sonolento até o banheiro, mas um banho gelado logo me despertou. Também, noite passada, fiquei fumando maconha até tarde na pracinha. Eu não queria ir à escola, minha mãe é que me obrigava, então, ficava do lado de fora gastando com os moleque. Tava fazendo um sol do caralho, nem parecia que era março. Eu estudava no C.E. Compositor Luiz Carlos da Vila, em Manguinhos, e morava na favela do Jacarezinho. Fui comprar um cigarro, e o Cocão veio até mim. Falou que ia meter um assalto no busão e me chamou pra ir junto.

– Maluco, e se alguém nos pegar?
– Vamo chegar, anunciar assalto, recolher os celulares e se adiantar. Não tem erro.
– Tu tá é chapadão. E o ferro?
– Vou pegar um oitão com o DG.
– Já é.

Fiquei um pouco com medo, mas ele me dissera que ia render um bom dinheiro. Na selva, é preciso matar um leão por dia pra poder continuar vivo. (…)”.

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