POR OSWALDO VIVIANI DO JORNAL PEQUENO.
Mais de 15 mil pessoas se manifestaram, na tarde e na noite de ontem (19), no centro de São Luís, inserindo a capital maranhense na onda de protestos que toma conta de todo país.
No início, não houve violência e a Polícia Militar apenas acompanhou os protestos de longe, apesar de o Batalhão de Choque ficar em prontidão e um helicóptero do Grupo Tático Aéreo (GTA) sobrevoar todo o itinerário percorrido pela multidão – da Praça Deodoro ao Palácio dos Leões (sede do governo estadual).
No entanto, perto das 20h45, quando a manifestação já estava em seu final, um pequeno grupo de jovens mais exaltados pichou a fachada do Palácio La Ravardière (sede da Prefeitura de São Luís), vizinho ao Leões, e atirou uma bomba caseira no interior do prédio. Depois, jogaram latas e pedras nos policiais – que até então guardavam uma prudente distância dos manifestantes, separação reforçada por grades de ferro instaladas ontem na área da Prefeitura e do Leões.
Policiais a cavalo reagiram e investiram contra o grupo de manifestantes que deu início aos atos de vandalismo. Bombas de efeito moral foram detonadas para dispersar a multidão.
Um carro da equipe de reportagem da TV Mirante foi amassado pelo mesmo grupo mais exaltado de manifestantes, mas ninguém da equipe se feriu. O grupo também tentou colocar fogo no veículo.
Segundo informou a Assessoria de Comunicação da Secretaria de Segurança (SSP-MA), ao menos uma pessoa – uma mulher – passou mal com o efeito das bombas e três manifestantes foram presos. Às 22h30, a manifestação se dispersou.
No início, protesto pacífico – Até esses episódios de violência, a manifestação foi pacífica. Os manifestantes – a maioria, estudantes entre 15 e 22 anos, com nariz de palhaço e caras pintadas de verde e amarelo, munidos de apitos, cornetas, bumbos e tudo o que fizesse barulho – começaram a se reunir na Praça Deodoro, diante da Biblioteca Benedito Leite – recém-inaugurada. Muitos dos jovens carregavam bandeiras do Brasil.
Depois, a multidão saiu numa passeata que percorreu a Avenida Rio Branco, a Avenida Beira-Mar e foi terminar na área do centro que agrega o Palácio dos Leões, o Palácio La Ravardière e o Tribunal de Justiça.
‘Xô, Sarney’ – Assim como nos protestos na maioria das cidades importantes do país, o de São Luís também teve um mote inicial – mobilidade urbana – que deslanchou para outras motivações.
As palavras de ordem e as frases escritas em cartazes – alguns deles confeccionados ali mesmo, em meio à manifestação – pediam de tudo um pouco: educação, saúde e transporte de boa qualidade, fim da corrupção na política, fim da oligarquia Sarney, fim da impunidade no país, nenhum aumento de tarifa nos transportes públicos, não à Copa no Brasil.
O pastor e deputado federal Marco Feliciano (PSC) tampouco escapou dos protestos. Feliciano é autor de uma polêmica proposta, aprovada na comissão de Diretos Humanos, que ele preside, que suspendeu uma resolução do Conselho Federal de Psicologia, a qual proibia profissionais da área de oferecer tratamento e cura da homossexualidade (a chamada “cura gay”).
Os slogans e cartazes contra o grupo político liderado pelo ex-presidente do Senado José Sarney predominaram no protesto. “Sarney ladrão, devolve o Maranhão!”, “Sarney, safado, liberta o meu estado!”, Não é mole, não. A Roseana acabou com o Maranhão!”, foram os gritos mais repetidos. “Não adianta fugir, Sarney. O Maranhão acordou!”, exibia uma das muitas faixas com dizeres contra o senador.
Apartidarismo – O protesto ludovicence também se caracterizou pelo apartidarismo. Um líder do PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado), Luís Noleto, não pôde exibir a bandeira da agremiação na manifestação. Um grupo cercou o militante, tirou a bandeira de sua mão e a queimou.
Para sábado (22) está marcada outra grande manifestação, essa do movimento “Acorda, Maranhão”. O protesto terá início na Praça Maria Aragão, às 14h, com passeata também marcada para terminar no Palácio dos Leões.
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