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Mensagem da Semana

E, eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra. Apocalipse 22:12

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Helena convida parlamentares a debater meio ambiente


Uma análise da relação custo-benefício proveniente da provável instalação de fábrica de celulose do grupo Suzano, na região Sul do Maranhão e seus conseqüentes impactos socioambientais foram tema do discurso que a deputada Helena Barros Heluy (PT) levou à tribuna da Assembléia Legislativa, nesta terça-feira (24). Ela se baseou em documento-denúncia do grupo ambientalista Siderurgia na Amazônia, que, a partir de informações na internet, acompanha e denuncia ameaças ao meio ambiente.
A denúncia trata dos impactos ambientais e socioeconômicos representados pela pretensão do grupo Suzano de construir uma fábrica de celulose na região Sul do Maranhão, com unidade também no Piauí.
Ao ler trechos do documento “Os impactos ambientais e socioeconômicos da construção de uma fábrica de celulose, interesses econômicos e interesses políticos”, Helena advertiu que o fazia, sobretudo por ter, no plenário, deputados que representam o agronegócio no Estado.
O texto afirma que a previsão do grupo Suzano é que a fábrica entre em operação, em 2013, conforme garantia do executivo do grupo ao secretário de Indústria e Comércio, Maurício Macedo.
O Siderurgia na Amazônia critica o governo do Estado por “fazer dessa confirmação um verdadeiro libelo na chamada propaganda institucional, apontando para os maranhenses um futuro de emprego e consequente riqueza com a instalação desse e de outros grandes empreendimentos no Estado”. Diz ainda que “embevecidos pela propaganda desenvolvimentista da Suzano e do governo do Maranhão”, os municípios que lutam pela instalação da fábrica não se dão conta dos crescentes impactos ambientais e socioeconômicos do empreendimento.
Segundo o estudo, os países ricos - maiores consumidores - já não produzem, atualmente, sua própria celulose. Nos últimos 15 anos, expandiram suas fábricas para a Ásia e América Latina, em busca de áreas com melhores condições climáticas e econômicas para a monoculturas em terra fértil e barata, utilizando mão-de-obra de baixo custo, beneficiadas por subsídios e apoios estatais e com um escasso controle ambiental, gerando graves impactos sobre a vida de milhões de pessoas, além da latifundização e estrangeirização da terra, concentração do poder, expulsão da população rural que acaba migrando para as cidades com as consequências que todos já conhecem; perda de empregos locais, esgotamento de solos e recursos hídricos e perda de biodiversidade.
Impactos nos rios
O documento chama atenção também para o impacto nos rios, como o sofrido pelo rio Paraná, onde o abundante volume dilui ardilosamente a poluição. Segundo especialistas, com a desculpa de que o rio já está contaminado e com a fragilidade de controles políticos mais rigorosos, as indústrias sujas de produção em massa e barata que, comparativamente, geram poucos empregos e não se importam com o ambiente, “são atraídas como moscas ao mel’.
A esse tópico, a deputada acrescentou a preocupação com as comunidades ribeirinhas do Rio Parnaíba, ameaçadas pelos projetos de novas barragens, e indagou qual seria o ganho para essas populações. O problema vem sendo discutido em audiências públicas que se estenderão até março, para abordar os estudos das Usinas de Ribeiro Gonçalves, Uruçuí, Cachoeira, Estreito e Castelão (todas no Rio Parnaíba).
“Será que esta é a vocação do Rio Parnaíba? Será que nós já usamos todo o potencial da Barragem da Boa Esperança ou da Usina de Boa Esperança?”, perguntou Helena.
Ao questionar o lucro real de toda a operação na região, comentou a possibilidade de que “São Felix de Balsas seja engolida pelas águas do lago”, a exemplo do povoado Manga, construído no Maranhão e no Piauí pelos jesuítas, no século XVIII, onde ainda estão as duas Igrejas erguidas em homenagem a Nossa Senhora da Conceição, numa região totalmente esquecida pelos Poderes Públicos do Maranhão.
“Às vezes, eu fico até um pouco tranquila porque, talvez, com Barão tenham mais cuidado e cautela porque fica em frente a Floriano; o Poder Público do Piauí valoriza a sua terra, os seus espaços, os seus municípios e a gente de todo o Piauí, e não de apenas de alguns pedaços do Piauí, e Barão pode pegar carona nas preocupações que poderão acontecer em respeito também àquele pedaço que fica em frente ao Piauí”, disse.
Helena foi aparteada pelos deputados Antônio Bacelar, que concordou com os riscos da instalação da hidrelétrica. O deputado do PC do B, Rubens Júnior, comentou sobre a previsão de que o maior número de empregos da fábrica de celulose da Suzano seja reservado ao Piauí e que o percentual de imposto municipal proveniente do uso da terra para o plantio da monocultura é baixo e “só vai ter no final em relação à produção e a transformação da matéria”.
A deputada disse que a toda essa agressão causada por novas barragens deverá corresponder uma justa e perfeita indenização, mas questionou que valor poderá indenizar o desaparecimento daquelas regiões e seu significado para as populações que vivem ali. Helena finalizou, salientando a importância de que um número expressivo de parlamentares, independente de sua região, possa conhecer o Rio Parnaíba, participando das audiências, como a que acontecerá em Barão de Grajaú, dia 2 de março.

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