
Jovens e meliponicultores da Terra Indígena Arariboia, na Aldeia Abraão, município de Arame (MA), participaram de um curso de Manejo e Criação de Abelhas sem Ferrão, promovido no âmbito do Projeto Amanhã. Com carga horária de 32 horas, a capacitação foi realizada pela 8ª Superintendência Regional da Codevasf para uma turma de 25 alunos. A Prefeitura de Arame deu apoio cedendo a alimentação dos participantes.
O estado do Maranhão, segundo a literatura especializada, possui uma fauna estimada em 640 espécies de abelhas sem ferrão, das quais apenas 153 já foram reconhecidas formalmente. O treinamento abordou aspectos biológicos e comportamentais das abelhas nativas sem ferrão, além de práticas de manejo racional, confecção de caixas e técnicas de extração de mel e própolis. Segundo o biólogo José Malheiros Silva, instrutor do curso, a formação também orientou sobre como os criadores podem contribuir para a ciência cidadã, reforçando a importância da preservação das espécies.
Essa é mais uma ação da Codevasf que integra o Programa de Estruturação de Arranjos Produtivos Locais (APLs) e se alinha às políticas públicas de fomento à produção. “Com um melhor manejo das abelhas, a atividade pode se tornar ainda mais estratégica para o desenvolvimento regional. Dessa maneira, a Codevasf busca impulsionar a produção de meliponicultura e ampliar as oportunidades de geração de emprego e renda”, destaca o superintendente regional da Codevasf no Maranhão, Clóvis Paz.
Inclusão social e econômica
Com a capacitação, a expectativa é de que os indígenas ampliem a criação de abelhas nativas, diversificando a produção e explorando um mercado em ascensão de produtos naturais e sustentáveis. O mel das espécies locais, como uruçu-amarelo e jataí, já é comercializado na aldeia, e a expansão pode trazer maior retorno financeiro às famílias.
Além do impacto econômico, a iniciativa tem caráter social ao incentivar a participação de mulheres e jovens na cadeia produtiva do mel, promovendo inclusão, equidade de gênero e inovação na produção local. “O objetivo é posicionar Arame como município pioneiro no desenvolvimento de mel gerenciado por indígenas. Ao fortalecer a meliponicultura, o projeto promove alternativas de trabalho e renda, amplia a autonomia dos processos produtivos e contribui para o crescimento econômico do município de Arame”, ressalta Jennifer Oliveira, coordenadora do Projeto Amanhã na 8ª/SR.

Com área de mais de 413 mil hectares, a Terra Indígena Arariboia é a segunda maior do Maranhão e abriga os povos Tenetehar Guajajara e Awá-Guajá. Estima-se que a população indígena do município de Arame seja de aproximadamente 12 mil habitantes. Na Aldeia Abraão vivem cerca de 80 famílias, das quais apenas duas já desenvolvem a meliponicultura de forma estruturada. Nos últimos dois anos, foram instaladas 22 caixas racionais de abelhas, mas a expectativa é de que, com o curso, mais moradores adotem a prática, garantindo maior autonomia e novas oportunidades de geração de renda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário