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Mensagem da Semana

E, eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra. Apocalipse 22:12

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Governo egípcio anuncia medidas de abertura, recusadas pela oposição


O governo egípcio, encurralado, desculpou-se nesta quinta-feira pela violência dos ataques da parte de apoiadores do presidente Hosni Mubarak contra manifestantes na praça Tahrir, no Cairo. E anunciou medidas de abertura, mas a oposição negou-se ao diálogo atéque ditador seja afastado.

O chamado à demissão imediata do presidente Hosni Mubarak é um "apelo ao caos", declarou o vice-presidente egípcio Omar Suleiman, ao convocar o país ao diálogo, na véspera de novas manifestações.

Os protestos previstos para esta sexta-feira, tradicionalmente dedicada às preces muçulmanas, farão parte do "Dia da Despedida", em alusão à desejada renúncia do presidente.

A Irmandade Muçulmana, principal força da oposição e apenas tolerada pelo governo, foi convidada a participar de conversações entre o poder e a oposição.

"A Irmandade Muçulmana foi contatada e convidada ao diálogo. Mas eles estão hesitantes", disse Suleiman durante uma entrevista à televisão estatal, no 10º dia de uma onda de contestação sem precedentes.

"A Irmandade Muçulmana rejeita categoricamente qualquer diálogo com o regime sem qualquer hesitação", afirmou o porta-voz Mohammed Mursi, em comunicado no site do grupo, em resposta à oferta feita.

"As pessoas derrubaram o regime, e não há sentido em qualquer diálogo com um regime ilegítimo", completou o grupo.

Confrontos entre partidários e opositores do presidente Mubarak fizeram, desde quarta-feira, na praça Tahrir, no centro do Cairo, oito mortos, segundo novos números divulgados pelo ministério egípcio da Saúde, citado pela agência oficial Mena.

O primeiro-ministro, Ahmed Shafiq, desculpou-se pela onda de violência que prometeu "investigar".

Shafiq disse, inclusive, estar "disposto a se dirigir nesta sexta à praça Tahrir (da Libertação) para conversar com os manifestantes" - o que representa uma mudança de tom do governo, desde o início dos protestos, em 25 de janeiro.

Segundo o vice-presidente, todos os partidos aceitaram participar do diálogo, exceto o Wafd (liberal) e o Tagammou (esquerda), da oposição legal, mas que não têm peso maior.

"Acho, no entanto, que nos encontraremos muito em breve", afirmou Suleiman, acrescentando que os "independentes" e "personalidades" também tomaram parte no diálogo, junto com representantes dos jovens, mas não deu mais detalhes.

A confraria islamita anunciou que rejeitava o fato de Hosni Mubarak permanecer na chefia do Estado até o final de seu mandato, em setembro, apesar de o presidente ter afirmado que não se apresentaria a um sexto mandato.

Os islâmicos são o maior e mais organizado grupo no Egito, mas foram banidos como partido político, e seus seguidores concorrem nas eleições como independentes.

Eles são frequentemente presos por conta de suas atividades políticas, e seu envolvimento em qualquer tipo de diálogo com o governo representaria uma enorme mudança na política do país.

A Irmandade Muçulmana, fundada em 1928, chegou a obter 88 cadeiras nas eleições legislativas de 2005. Em 2010, perdeu sua representação parlamentar, depois de retirar-se das eleições entre o primeiro e segundo turno, alegando fraude.

Suleiman e o primeiro-ministro Ahmad Chafic haviam anunciado um início de diálogo na manhã desta quinta-feira, mas a principal coalizão opositora rejeitou as negociações.

Mais cedo nesta quinta-feira, o vice-presidente anunciou, em nota lida pela televisão, que o filho de Mubarak não se apresentaria às eleições de setembro no Egito, em mais uma tentativa de acalmar a oposição que teme a ascensão de Gamal ao poder.

Mohammed Aboul Ghar, um porta-voz da Coalização Nacional pela Mudança, que se constituiu em torno de Mohamed ElBaradei e conta entre seus membros a Irmandade Muçulmana e o Movimento Kefaya (Basta), também frisou a rejeição a qualquer tipo de diálogo, antes da partida do presidente Hosni Mubarak.

"Nossa decisão é clara: nenhuma negociação com o governo antes da saída de Mubarak. Depois disto, estaremos prontos a dialogar com Suleiman", informou ele à AFP.

Segundo o vice-presidente egípcio, a violência entre manifestantes pró e contra o presidente Mubarak são resultado "de um complô", fomentado no Egito ou até mesmo no exterior.

"Analisaremos estes atos (de violência) diante do fato de que são um complô", disse Suleiman, que foi nomeado para o cargo no sábado passado.

O vice-presidente também afirmou que a violência pode ter sido estimulada por algumas "agendas estrangeiras, certos partidos ou homens de negócios".

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