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Mensagem da Semana

E, eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra. Apocalipse 22:12

terça-feira, 30 de junho de 2015

Fim da temporada junina reúne milhares de pessoas nos arraiais do ‘São João de Todos’ e no Largo de São Pedro

No penúltimo dia de arraial na capital maranhense, no domingo (28), o clima era de gostinho de quero mais, brincantes e público interagiram nos terreiros do Governo do Estado espalhados pela cidade, esbanjando energia, mesmo depois de vários dias de festança. Chegando ao fim da temporada junina, a diversidade cultural, a organização e a segurança foram as marcas do São João 2015, segundo os frequentadores da festa popular maranhense. Já na madrugada desta segunda-feira (29), dezenas de grupos de bumba-meu-boi, assim como milhares de pessoas, passaram pelo Largo de São Pedro para mostrar fé e reverenciar o santo padroeiro dos pescadores.




No terreiro Donato Alves, antigo Ipem, uma extensa programação atraiu a atenção do público que participou das brincadeiras. Entre as apresentações da noite de domingo, esteve o show da cantora Tereza Cantu, o boi de orquestra Mocidade Axixense e o de zabumba União da Baixada do Monte Castelo. A cada apresentação, a psicóloga Marina Moreira levava a filha Luiza, de quatro anos, ao palco para dançar com as índias e caboclos de pena.

“A Luiza adora a festa junina e a trago para participar e dançar”, destacou Marina. Dona Miroca, aposentada, que curtiu bastante a noite. Aos 77 anos, a senhora relata que aproveitou bem todos os dias do arraial e não poupou elogios a organização do evento. “O São João foi ótimo, mas o melhor mesmo foi terem resgatado o arraial do Ipem. Foi uma festa muito família, tudo lindo, pena que já está acabando”, disse dona Miroca.

No Centro Histórico de São Luís, o público se dividiu em um circuito com três arraiais, a Praça Nauro Machado, a Praça da Faustina e o arraial do Maranhão, com uma vasta programação, que reuniu centenas de pessoas. É a quinta vez que a fotógrafa carioca Estela Martins passa o São João no Maranhão e desta vez, trouxe um grupo de alunos para fotografar a festa, que para ela é única no país. “Gosto da festa, gosto das cores. É uma coisa típica da região e é importante registrar para mostrar a raiz do povo e para não se perder nunca”, destacou a turista, que fotografou cada detalhe dos arraiais do Centro Histórico.

E para quem brincou nos grupos de bumba meu boi por toda a temporada junina, a sensação é de dever cumprido. A presidente do Boi de Morros, Larissa Lobato, relatou que o São João deste ano superou as expectativas do grupo. “Com a mudança de governo estávamos com medo do que viria, mas para nossa surpresa foi muito legal, os arraiais estavam muito cheios e badalados”, apontou Larissa, que desde criança brinca no boi de Morros.

Recém-reformada e com uma estrutura ampla e confortável, a Praça Nauro Machado recebeu uma diversificada apresentação, tendo entre outras atrações, o boi de orquestra Tradição de São Bento, a dança Portuguesa Encanto de Portugal da Estiva e dança do Lele de Cajapió. Na Praça da Faustina, tradicional ponto de encontro dos tambores de crioulas, também foi possível assistir a apresentação da Quadrilha Rosa Amarela da Madre Deus. Já no arraial da Casa do Maranhão, a animação ficou por conta do show de Fátima Passarinho e do Boi de Morros.

No Arraial do Ceprama, o público que lotava o local foi embalado pelo boi Unidos de Santa Fé e Boizinho Barrica.

Oportunidade de trabalho e renda

Os arraiais do ‘São João de Todos’ foram mais do que espaços de entretenimento com apresentação de grupos folclóricos e shows. Para centenas de maranhenses, estes arraiais representaram uma grande oportunidade de emprego, ou de obtenção de renda extra para famílias inteiras.

No Parque Folclórico da Vila Palmeira, comerciantes aproveitam as festividades promovidas pelo Governo do Estado para comercializar comidas típicas, brinquedos, produtos de artesanato, algodão-doce, pipoca, chapéus decorados, matracas, sorvetes e até livros.

Para promover o acesso democrático da população a estes espaços, pela primeira vez o Governo do Estado realizou a distribuição das barracas nos arraiais por meio de chamada pública, mecanismo que permitiu maior transparência no processo de ocupação dos pontos de comercialização de alimentos e bebidas instalados em espaços públicos.

“Por determinação do governador Flávio Dino, temos a cada dia implementado medidas que visam assegurar a equidade de recursos e benefícios a toda população. Neste caso, que trata a respeito da distribuição das barracas, esta é a forma que encontramos de tornar o São João, realmente, uma festa de todos”, pontou a Secretária de Estado da Cultura, Ester Marques.

Um das contempladas pela chamada pública organizada pela Secretaria de Estado da Cultura foi a autônoma, Maria do Rosário (57), que após ter sido sorteada com uma barraca no Parque Folclórico, agora colhe os resultados do seu trabalho com a venda de comidas típicas do período junino. “Há 35 anos eu tentava ocupar um espaço no Parque, e agora estou muito satisfeita, pois as minhas vendas aqui estão ótimas. Essa é a oportunidade que faltava para eu levantar dinheiro e investir na minha confeitaria”, expôs Maria do Rosário.

Aproveitando o período junino para aumentar a renda familiar, o ‘São João de Todos’ acenou a possibilidade da realização de sonhos, como o do professor de dança de salão, Charles Monteiro (30), que foi um dos contemplados pelos mais de 150 empregos temporários criados pelo comércio instalado no Parque Folclórico da Vila Palmeira.

“O trabalho é bom, e me ajudará a montar a minha academia de dança. Eu até já tenho o espaço, mas preciso de móveis, e é por meio deste trabalho que vou realizar o meu grande sonho de ser dono do meu próprio negócio”, ressaltou o professor.

Fé e devoção

Dezenas de grupos de bumba-meu-boi passaram pelo Largo de São Pedro nesta segunda (29). A tradição, que já dura mais de 75 anos, reúne anualmente mais de 100 grupos de bumba meu boi e é um marco da cultura e religiosidade maranhenses.

Sobrou emoção, devoção e muita música às dezenas de grupos de bumba-meu-boi que estiveram diante da imagem do santo. Várias pessoas acenderam velas, levaram imagens e rezaram ajoelhados ou tocando as fitas da barca da imagem de São Pedro, agradecendo pelas conquistas obtidas, pela recuperação da saúde de parentes e até pela obtenção graças.

Os grupos de bumba-meu-boi, vindos da capital e do interior do estado, a cada vez que adentravam a capela, traziam no rastro dezenas de fãs e admiradores dos sotaques. No local, acumulavam-se o colorido das indumentárias e histórias de fé como do Boi Unidos da Baixada de João de Deus, que após o presidente Mendes ficar internado em 2013, vítima de derrame, seus integrantes realizaram promessas a São Pedro pela saúde do patriarca. Os integrantes voltaram à Capela de São Pedro este ano para agradecer pela recuperação de seu líder.

Um dos pontos altos da devoção foi realizada por um dos índios do Boi da Floresta, Bruno Felipe Melônio, de apenas 20 anos, que subiu todos os degraus da escadaria de joelhos, até chegar à imagem do santo e rezar em gratidão pela saúde da avó, Lucia Melônio, que passou por cirurgia de câncer de mama em 2012. Desde então, anualmente ele repete o ritual como pagamento de promessas feitas a São Pedro, São João e São Marçal.

Os ritmos, o brilho das vestimentas, os bordados e a animação dos grupos atraíram a atenção de fotógrafos, cinegrafistas e admiradores que registraram os bordados dos bois, das vestimentas, das danças, dos grandes cazumbás de baixada, dos pandeirões de matraca e zabumba, dos chapéus dos cantadores, e acompanharam os sotaques com palmas, matracas e maracás.

Até o início da manhã já tinham passado diante de São Pedro os bois de Maracanã, Unidos da Baixada de João de Deus, de Apolônio, de Santa Fé, da Floresta, Estrela do Oriente, União de Cururupu, Rama Santa, Brilho da Noite, Unidos de Coqueiro, entre tantos outros de sotaques de orquestra, matraca, zabumba, baixada e costas de mão. “Faz mais de quinze anos que eu e meus amigos viemos para a festa de São Pedro e ficamos até o dia amanhecer. Eu gosto da matracada, que é típica do Maranhão. Isso faz parte da nossa cultura, da nossa tradição”, disse o economista e empresário José Vásquez, ludovicense de 48 anos de idade.   

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