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Mensagem da Semana

E, eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra. Apocalipse 22:12

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Papa chega ao Líbano em cenário de tensão política

BEIRUTE - O Papa Bento XVI desembarca nesta sexta-feira no Líbano, com a difícil tarefa de promover a melhora no relacionamento entre cristãos e muçulmanos, mesmo diante de um cenário de tensões acirradas na região. Além da morte de Christopher Stevens, embaixador americano na Líbia, e dos protestos contra instalações diplomáticas dos EUA, o pano de fundo da viagem inclui ainda a brutal guerra civil na Síria, o drama dos refugiados e os risco de que a instabilidade se espalhe para o Líbano. Na agenda do Pontífice, há ainda a preocupação com o papel das minorias cristãs na região após os levantes da Primavera Árabe.

Antes da viagem, o Vaticano reforçou sua condenação à explosão de violência em protestos contra o filme "Inocência dos Muçulmanos", definida pelo porta-voz da instituição, Francisco Lombardi, como "inaceitável", mas reiterou a defesa do respeito a símbolos de todas as religiões. Segundo Lombardi, mais uma vez ficaram evidentes as sérias consequências de ofensas e provocações injustificadas contra fiéis muçulmanos.

- O profundo respeito às crenças, textos, figuras proeminentes e símbolos das várias religiões é uma precondição essencial para a coexistência pacífica - disse, acrescentando que o papa levará uma mensagem de diálogo em sua visita à região.

A escolha do Líbano para a viagem de três dias do Pontífice não foi à toa: trata-se do país com maior percentual de cristãos no Oriente Médio. Eles representam 40% da população, com destaque para os maronitas, que reconhecem a autoridade do Papa. E a comunidade cristã libanesa se divide entre simpatizantes e opositores ao regime do ditador Bashar al-Assad. Entre os simpatizantes de Assad mais proeminentes está o ex-premier e ex-comandante do Exército Michel Aoun, forte aliado do xiita Hezbollah. O líder do grupo, Hassan Nasrallah, descreveu a visita do Pontífice como "extraordinária e histórica". O último Papa a visitar o país foi João Paulo II, em 1997.

Bento XVI deve se encontrar também com líderes religiosos muçulmanos. O porta-voz do Vaticano não descartou nem mesmo a hipótese de um encontro com simpatizantes do Hezbollah.

O Vaticano afirmou que Bento XVI será cuidadoso para evitar qualquer sinal de interferência política nos comentários sobre a Síria ou sobre as alianças definidas pelos cristãos. Mas declarações divulgadas ontem no "Daily Star", no Líbano, indicam que o Pontífice defenderá o desarmamento das duas partes do conflito.

- O Papa pedirá definitivamente o fim da espiral de violência e ódio, que são sem sentido, e para os que financiam e armam os dois lados do conflito, que parem de fazê-lo - disse o patriarca maronita, Bishara Rai, que retratou a visita do Papa como um pedido de paz no Oriente Médio, pela separação da religião do Estado, pela construção da democracia e a aceitação do outro. - A Primavera Árabe que queremos é aquela que realça a coexistência entre muçulmanos e cristãos.

No domingo passado, o próprio papa disse que a viagem ao Líbano seria marcada pela defesa da paz:

- Mesmo que pareça difícil encontrar soluções para diferentes problemas, não podemos nos resignar com a violência e a exacerbação de tensões.

Nos cartazes espalhados por Beirute, imagens de um sorridente Bento XVI aguardam o Pontífice com saudações efusivas, como "com sua chegada, o céu desce à terra". O governo declarou o sábado como feriado oficial em homenagem ao papa e deu folga a milhares de trabalhadores para que eles possam saudar o papa. De outro lado, as autoridades libanesas reforçaram as medidas de segurança, suspenderam as licenças de armas com exceção para os seguranças de políticos e restringiram a visita às regiões central e norte do país.

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