ARTIGO PUBLICADO NO PORTAL GADITAS, REPUBLICADO AQUI
A incessante
busca pelo novo, pela melhoria da produtividade e da própria qualidade de vida,
era uma das características do Duque. Homem pouco afeito à acomodação não se
contentava em esperar que os fatos acontecessem ao acaso. Lendo os jornais,
mantinha assinatura com os melhores da capital, ouvindo os noticiários do
rádio, viajando para conhecer avanços tecnológicos, se cercando de pessoas
cultas para, com elas, enriquecer seus conhecimentos.
Antigo prédio da Prefeitura de Coelho Neto |
Era comum a
chegada de reprodutores e matrizes para a melhoria dos rebanhos de bovinos,
ovinos, caprinos, suínos e até de galinhas. Os animais procediam de Caxias e de
União-PI de onde completavam a viagem tocados pelos vaqueiros até aos currais
de nossa terra. Certa feita o meu irmão Raimundo foi à União com o Nezinho, uma
espécie de faz tudo, para trazer um reprodutor da raça holandesa, que o Nezinho
só acertava falar “landreis”, resultado: o touro passou a ter esse nome.
Aqueles que chegavam ao porto de Parnaíba subiam o rio embarcados até o
nosso porto.
Foi
pleiteado e conseguido junto ao Governo Federal a criação de um campo
experimental de “Fomento Agrícola” implantado na Pimenteira, graças a doação
das terras por Duque sempre disposto a “fazer acontecer”.
A serraria e
o engenho movidos à vapor, os primeiros caminhões e tratores substituindo as juntas
de boi e as tropas de jumentos foram passos decisivos para embasar os grandes
projetos do futuro. O espírito inovador levou Duque a adquirir uma
turbina importada para a fabricação de açúcar já que a indústria da cachaça e
rapadura estava consolidada como uma tradição da fazenda. Com a eclosão da
Segunda Guerra Mundial e adesão do Brasil às Forças Aliadas, em 1944, veio o
confisco das peças essências ao funcionamento do equipamento alemão. Os
componentes jamais foram devolvidos condenando todo o moderno maquinário à
sucata. O sonho continuou com os filhos que, em 1963, inauguraram a Usina
ITAPIREMA, de Açúcar e Álcool, tão importante para a nossa história
que merece um capítulo à parte.
Na década de
1970, para a instalação da CEPALMA, vieram a Coelho Neto equipes de técnicos
alemães que somando esforços com aqueles aqui formados ajudaram a montar o
maior complexo industrial do Nordeste. Não falavam português e, nada sabiam de
nossos hábitos e costumes exigindo a presença constante de interpretes. Terminaram
por sofrer um grave acidente ao participar de uma farra durante um fim de
semana. Tal fato antecipou o retorno dos germânicos à Europa.
A presença
de alemães em Coelho Neto, não foi eficaz nem duradoura, fez parte do ônus
imposto aos pioneiros.
*Dr.
Magno Bacelar é advogado e exerceu os cargos de deputado estadual, deputado
federal, senador da república, vice-prefeito de São Luís e prefeito de Coelho
Neto.
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