Os protestos contra o presidente da Síria, Bashar al Assad, chegaram pela primeira vez à capital Damasco nesta sexta-feira (16). Desde o dia 18 de março, manifestações iniciadas no sul do país pedem reformas democráticas no governo sírio, há 11 anos no poder. Forças de segurança usaram cassetetes e gás lacrimogêneo para evitar que os milhares de manifestantes que marchavam a partir de diversos subúrbios da capital chegassem à praça Abbasside, no centro da cidade. Segundo a agência de notícias Reuters, testemunhas contaram avistar ônibus da polícia secreta que provocavam os manifestantes. Elas descreveram que os agentees seguiam pelas alamedas ao norte da praça em busca de manifestantes e gritando “Cafetões, infiltradores, vocês querem liberdade? Vamos dá-la a vocês”. Uma testemunha que acompanhou os manifestantes desde o subúrbio de Harasta disse que milhares de pessoas cantavam palavras como “o povo quer a derrubada do regime” e retiraram cartazes de Assad pelo caminho. Na quinta-feira (15), o presidente anunciou a nomeação do novo governo e determinou a libertação de alguns presos, medida que um advogado dos direitos humanos classificou como uma “gota em um oceano”, diante dos milhares de prisioneiros políticos ainda detidos no país. O uso da força, as prisões em massa e as acusações de Assad de que grupos armados instigaram o levante, além de promessas por reformas e concessões aos grupos minoritários e aos muçulmanos conservadores, não aplacaram os manifestantes. Eles se inspiram nas insurreições populares que derrubaram os líderes da Tunísia e do Egito. ... ONG acusa governo de espancar jornalistas A entidade de direitos humanos, Human Rights Watch, disse nesta sexta-feira que as forças de segurança da Síria prenderam centenas de manifestantes de forma arbitrária e sujeitaram civis e jornalistas a tortura e maus tratos desde que os protestos pró-democracia irromperam um mês atrás no país. Segundo Joe Stork, vice-diretor para os assuntos de Oriente Médio da organização internacional sediada em Nova York, autoridades da polícia secreta síria detiveram e torturaram ativistas de direitos humanos, escritores e jornalistas que relataram ou apoiaram os protestos contra o governo do presidente Bashar al Assad. Em um comunicado, Stork considerou que não haverá reformas no país enquanto “as forças de segurança abusam das pessoas impunemente”. - Ao silenciar aqueles que escrevem sobre os eventos, as autoridades sírias esperam esconder sua brutalidade. Mas a repressão a jornalistas e ativistas só ressalta seu comportamento criminoso. O grupo disse que pelo menos sete jornalistas foram detidos desde o dia 18 de março. As autoridades sírias não comentaram as declarações. Desde o início das manifestações, o governo do país tem recebido críticas do Ocidente pelo uso da força para reprimir os protestos que se espalharam por várias partes do país. Estima-se que até agora 200 pessoas tenham sido mortas em meio às demonstrações. A Human Rights Watch entrevistou 19 detidos que já foram libertados, incluindo três adolescentes. Com exceção de dois deles, todos disseram que agentes da polícia secreta os espancaram e que testemunharam dezenas de outros detidos sendo espancados ou ouviram gritos de pessoas sendo espancadas.
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