Sem qualquer ambulância disponível no município, a mãe da criança teve de fretar carro particular que não dispunha de equipamento para oxigenação e viu a filha agonizar e morrer antes mesmo de chegar a hospital de Caxias/MA.
Na madrugada do último dia 12 de outubro ocorreu em Buriti-MA mais um capítulo do já conhecido descaso na saúde pública municipal. Uma menina de apenas um ano de idade morreu no percurso de sua transferência para um hospital de Caxias/MA, localizado a 149 km do município.
Apesar de todo o sofrimento com a morte de sua filha, a mãe Ivonara Carvalho ainda encontrou forças para denunciar este enorme descaso do município com a saúde de seus cidadãos.
O drama de Ivonara começou na noite da terça-feira 11/10 quando, por volta das 21h, sua filha deu entrada no Hospital do Trabalhador Buritiense (popular Clínica) com sintomas de febre e crise pré-convulsiva. Após receber os primeiros atendimentos por um enfermeiro que seguia orientações, via telefone, da central médica foi recomendado a transferência da criança em uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência de (SAMU), devido a necessidade de uso de oxigênio.
A mãe da menina foi informada de que não havia combustível na ambulância e que, portanto, não teria como transportar a sua filha até Caxias/MA. Desesperada, Ivonara ainda tentou pagar o combustível para o veículo, mas foi informada pela equipe que este procedimento era vedado pelo programa. Então, por volta de 1h da madrugada do dia 12 de outubro, só restou a ela fretar, por conta própria, um carro particular, sem equipamento algum, para levar a criança ao Hospital Regional de Caxias-MA.
Em conversa com o Correio Buritiense, a mãe destacou que viu sua filha agonizar com a falta de ar e que, ao chegar ao município mais próximo de Buriti, no caso Duque Bacelar (18 km), a criança não resistiu e faleceu. Segunda ela, o médico da cidade de Duque afirmou que a morte seria consequência do transporte em veículo não equipado de forma adequado, especialmente pela ausência de cilindro de oxigênio.
Um dia após esta morte o Correio Buritiense revelou que a prefeitura de Buriti celebrou, em 29 de janeiro deste ano, sete contratos distintos para área de saúde que somaram mais de 2,8 milhões de reais, recursos oriundos do Fundo Municipal de Saúde (FMS).
O FMS é uma conta especial para onde devem ser canalizados todos os recursos financeiros destinados à saúde, qualquer que seja sua origem. É o principal instrumento de canalização e gestão dos recursos financeiros do SUS. Por lei, o gestor do fundo é a Secretaria Municipal da Saúde e o patrimônio do fundo pertence à prefeitura. A fiscalização deve ser exercida pelo Conselho de Saúde, além de outros mecanismos como o Tribunal de Contas e o Poder Legislativo.
Com o volume de contrato fechado só no primeiro mês de 2016 fica muito claro que a falta de combustível para abastecer a ambulância do Samu não pode ser atribuída à falta de dinheiro, mas sim à má gestão dos recursos públicos.
Na última sexta-feira (14), Ivonara Carvalho registrou um boletim de ocorrência e a Polícia Civil deve abrir um inquérito para investigar esta morte suspeita.
Do Correio Buritiense
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