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Mensagem da Semana

E, eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra. Apocalipse 22:12

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Sarney programa solenidade comemorativa dos 100 anos da morte de Nabuco


Em novembro próximo, o presidente José Sarney irá inaugurar no recinto do Senado Federal um busto do político, diplomata, historiador, jurista, jornalista e um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo. "É uma homenagem que há muito tempo deveríamos ter feito a esse grande brasileiro", avaliou Sarney, em conversa com Carlos Alves Moura, assessor da Secretaria Especial de Políticas para Promoção da Igualdade Racial e o primeiro presidente da Fundação Cultural Palmares.

Para o presidente do Senado, foi Joaquim Nabuco quem transformou aquele sentimento de incômodo com a escravidão, que existia como uma revolta de cada um, em uma causa nacional. "À abolição da escravatura, Nabuco dedicou sua vida inteira: pregou, discursou e abriu jornais, chegando a enfrentar tempos de desalentos", disse. Sarney avalia que o abolicionista foi um dos "grandes homens" do país. "Não somente pela capacidade de reunir a consciência nacional em torno de uma grande causa, essa causa extraordinária que foi a da libertação dos negros no Brasil, mas também pelo tanto que simbolizou de força e de grandiosidade de uma nação que estava por se descobrir e desenhar", afiançou.

"Joaquim Nabuco é uma referência intelectual e moral que os brasileiros têm dever de cultuar e estudar", disse. Na opinião de Sarney, nenhum outro brasileiro deixou marcas tão profundas no Judiciário e no Legislativo, defendendo desde a abolição da escravatura até a implantação de eleições diretas e livres. Sarney relatou o fato, muitas vezes relembrado quando se manifesta a respeito da memória do abolicionista, que muito jovem recebeu de seu pai o conselho de ler e reler sempre a obra do padre Antonio Vieira e o livro Um Estadista do Império, de Joaquim Nabuco. "E até hoje conservo o hábito de relê-los", confirmou.


De acordo com Carlos Alves Moura, a homenagem que o presidente Sarney irá prestar com o busto de Joaquim Nabuco é mais do que justa e oportuna. "Ainda mais considerando que neste ano estamos lembrando os 100 anos da morte de Nabuco. O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, neste ano será dedicado à contribuição que Nabuco ainda nos dá para a reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira", disse. Para Carlos Moura, o ideal é que o busto possa ser inaugurado durante a Semana da Consciência Negra, comemorada sempre naquela em que recai o 20 de novembro.

"A dignidade e a integração da raça negra no seio da sociedade brasileira por meio de ações políticas começaram com a atuação de José Sarney na Presidência da República", disse Carlos Alves Moura. Durante a conversa com o primeiro presidente da Fundação Palmares, Sarney lastimou não ter sido ainda produzido um estudo aprofundado da contribuição cultural da raça negra para o processo civilizatório do povo brasileiro. José Sarney avaliou que, na obra Casa Grande e Senzala, Gilberto Freyre aborda a influência do escravo na formação do ser mais íntimo brasileiro em seus aspectos psicológicos e sexuais, mas não explora a contento toda a herança cultural que o negro trouxe ao Brasil. "Muito mais do que o negro levado para a escravidão nos Estados Unidos e os países caribenhos, aqueles que para aqui vieram trouxeram um vasto cabedal de conhecimentos. Tinham também eles mais riqueza de costumes do que o indígena brasileiro, que era então um povo nômade que pouco conhecia de agricultura e se limitava, principalmente aqueles que viviam na costa brasileira, à pesca de subsistência", disse.

"Tanto na música, na dança, nas práticas religiosas, na culinária e em outras variantes culturais, o negro contribuiu muito mais intensamente com a formação da civilização brasileira", ressaltou Sarney. "Muito mais até que os colonizadores portugueses que primeiro vieram para o Brasil". Sarney encerrou o encontro afirmando que por todos esses motivos, é dever de todo brasileiro conhecer a importância da raça negra para o Brasil. "Por mais que já tenhamos feito, ainda ficamos devendo. Mesmo por que há ainda grandes vultos da raça negra que permanecem desconhecidos para a maioria da população, tais como Negro Cosme e Abdias do Nascimento, por exemplo", lastimou.


Secretaria de Imprensa da Presidência do Senado

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