Há 50 anos que a imprensa era um monopólio do Estado. Foram emitidas licenças para 16 novos jornais.
O jornalista Jonathan Head, da BBC, foi assistir à impressão do primeiro número de um dos títulos e diz que se trata de uma "viragem" importantíssima num país onde existiam tantas restrições ao trabalho jornalístico que a Birmânia era um dos piores lugares do mundo para trabalhar em informação. Os jornalistas estrangeiros eram vigiados ou proibidos de entrar. Os birmaneses eram igualmente vigiados, mas também presos e torturados quando escreviam fora do guião.
Esta liberdade de publicação – considera também a análise da AFP – é um aprova das mudanças que estão a ser feitas no sentido de democratizar a sociedade e a política birmanesas. Estas reformas começaram a ser aplicadas quando Thein Sein chegou à presidência, em 2011, e permitiram o início do levantamento das sanções internacionais contra a Birmânia.
Os jornais em birmanês e em inglês existiram enquanto o país foi uma colónia britânica, mas foram proibidos depois da independência e quando o país foi fechado pela junta militar que governou a partir de 1964. Ainda são antigos militares que estão à frente do governo, mas são agora civis e já se realizaram eleições que escolheram para o parlamento a líder histórica da oposição, Aung San Suu Kyi. O seu partido, a Liga Nacional para a Democracia, começará no final de Abril a publicar o seu próprio jornal.
Em Agosto do ano passado, o Governo anunciou que os jornais não teriam de submeter os artigos à censura antes de os publicarem. Mais tarde, em Dezembro, foi dito que os jornais privados seriam autorizados a partir de 1 de Abril.
Muitos interrogam-se sobre o futuro de tantos jornais diários num país onde a população é muito pobre. "Sim, vamos ter muitos jornais, mas muitos não se conseguirão aguentar", disse Kalar Lay. "As pessoas não têm dinheiro para estar sempre a comprá-los"
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