Paulo
Roberto Costa, o senhor é uma vergonha para a sociedade brasileira”. A
afirmação foi feita pelo deputado Simplício Araújo (SD/MA), nesta
quarta-feira (17), durante reunião da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito
(CPMI) da Petrobras. A crítica foi feita após o ex-diretor da Petrobras, Paulo
Roberto Costa, não ter colaborado com as respostas que ajudariam a esclarecer o
esquema criminoso de desvio de recursos públicos da estatal.
Paulo
Roberto Costa chegou ao Congresso escoltado pela Polícia Federal. O objetivo da
sessão era fazer com que o ex-funcionário da companhia revelasse outros nomes
de envolvidos no escândalo da Petrobras, mas ele declarou que se reservaria ao
direito de ficar calado. Mesmo assim, ficou decidido que os parlamentares
poderiam apresentar seus questionamentos.
“Paulo
Roberto em nada contribuiu para que avançássemos na questão. É lamentável que
ele, na condução de uma empresa renomada como a Petrobras, tenha colocado a
estatal e vários congressistas na linha de tiro da imprensa”, ressaltou
Simplício.
De acordo
com o parlamentar maranhense, o acordo de delação premiada pode servir como
“escudo para relações criminosas” e influenciar os resultados da eleição.
Simplício afirmou também que seria prejudicial às investigações o adiamento das
próximas reuniões da CPMI da Petrobras.
“É
lamentável que Paulo Roberto use a delação como escudo e não para contribuir
com o país. O ex-diretor vai entrar para a história, mas não como um homem que
podia ajudar o Brasil a passar a limpo, mas como um covarde, que se escondeu
atrás da delação premiada”, afirmou Simplício, ao lamentar o fato de, mais uma
vez, tudo ser jogado para debaixo do tapete. “A sociedade merecia uma
resposta”, completou.
O deputado
do Solidariedade ressaltou ainda que o ex-funcionário da estatal cometeu um
grande crime contra o Maranhão, um dos estados mais pobres da federação. “Um
estado que é dominado há 40 anos por um ditador, que levou para o estado uma
obra de refinaria que não saiu do papel e que gastou R$ 2 bilhões. Mas hoje
sabemos onde foi pode ter ido parar esse dinheiro. Paulo Roberto contribuiu
para que o Maranhão permanecesse na miséria e na mão de um governo que massacra
a população”, apontou.
Ao concluir,
Simplício foi enfático: “Paulo Roberto foi ao Congresso não para dizer de fato
o que aconteceu na Petrobras, mas para proteger a sua ‘rabichola’. O senhor foi
pego com a boca na botija e continua protegendo tudo que aconteceu de errado na
Petrobras com esse seu comportamento. É uma vergonha para a população
brasileira. Poderia estar prestando um grande serviço ao país.”
Esquema
criminoso
Paulo
Roberto Costa vem revelando supostas irregularidades de políticos envolvidos em
um esquema de corrupção na estatal. A revista Veja divulgou no início do mês
depoimento de Paulo Roberto Costa à Polícia Federal. O ex-funcionário disse à
PF que três governadores, seis senadores, um ministro e pelo menos 25 deputados
federais foram beneficiados com pagamentos de propinas oriundas de contratos
com fornecedores da Petrobras. Entre eles estão o ministro de Minas e Energia,
Edison Lobão, e a governadora do Maranhão Roseana Sarney.
Nesta
semana, a revista IstoÉ traz novos nomes envolvidos no escândalo, também
revelados por Paulo Roberto. Dessa vez, traz mais uma vez um político do
Maranhão: candidato do PMDB ao governo do Maranhão, Lobão Filho. A revista
mostra que o peemedebista recebeu para sua campanha R$ 500 mil da empresa
Andrade Gutierrez. A PF apura ligações dele com a empresa fornecedora de
material para a construção da refinaria Premium I, no município de Bacabeira. O
ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau atua há muito tempo nessa área
para a família do ex-presidente José Sarney (PMDB). Quando saiu do ministério,
Rondeau foi trabalhar na Engevix, uma das cinco empreiteiras abraçadas pelo
escândalo.
Demissão
Após as
revelações de Paulo Roberto Costa que apresentou uma lista de políticos
supostamente envolvidos em um esquema de corrupção na estatal – incluindo o
titular da pasta de Minas e Energia, o peemedebista Edison Lobão -, Simplício
cobrou da presidente Dilma Rousseff a imediata demissão de Lobão do ministério.
Entenda o
caso
Paulo
Roberto Costa foi preso em março, junto com outras 23 pessoas, na Operação
Lava-Jato, deflagrada pela Polícia Federal (PF) para investigar um suposto
esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Os detidos foram acusados
de participar de uma organização criminosa que tinha o objetivo de lavar R$ 10
bilhões oriundos de desvio de dinheiro público, tráfico de drogas e contrabando
de pedras preciosas.
Paulo
Roberto Costa aceitou dar detalhes sobre um esquema de desvio de dinheiro de
contratos da estatal com empresas. Após acordo de delação premiada, o
ex-diretor teria denunciado pelo menos 25 políticos vinculados a três partidos
(PT, PMDB e PP). A revelação de parte do conteúdo dos depoimentos do ex-diretor
da Petrobras provocou muita tensão nos comitês das campanhas da presidente
Dilma Rousseff (PT) e da ex-senadora Marina Silva (PSB).
Reportagem
publicada pela revista Veja sustenta que Paulo Roberto Costa citou os
presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL); o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB); a governadora
Roseana Sarney (PMDB-MA); o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB); o
ministro Edison Lobão (Minas e Energia); o presidente do PP, Ciro Nogueira; o
tesoureiro do PT, João Vaccari Neto; o senador Romero Jucá (PMDB-RR); e os
deputados Cândido Vaccarezza (PT-SP), Mário Negromonte (PP-BA) e João
Pizzolatti (PP-SC).
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