O país está
atravessando uma grande turbulência política e econômica. Não é a primeira e
talvez não seja a última. Parece ser uma triste sina dos países
subdesenvolvidos. O fim da Guerra Fria, em que se discutia a supremacia
entre o capitalismo e o comunismo, provou que nesta disputa não houve
vencedores, ambos os regimes faliram. Disseminou-se, então, uma crise
financeira mundial da qual estão emergindo os povos que buscaram, e adotaram,
políticas mais modernas e objetivas.
Inaugurado em 1926, o Palácio Tiradentes foi sede da Câmara dos Deputados até 1960 |
Os efeitos
da instabilidade demoraram a chegar até nós mas, agora, agravada por problemas
internos, nos atingem de forma avassaladora. Os governantes e a classe política
não souberam aproveitar o tempo para elaborar projetos de curto e longo prazos
para atravessar a tormenta que se avizinhava. Inebriados pelas benesses do
poder, da corrupção e falta de ética desejavam, apenas, a perpetuação no
poder. Cometeram erros tenebrosos dos quais o mais terrível foi a
institucionalização da corrupção que minou a ética, corroeu os bons propósitos e
levou a classe política ao mais aviltante descrédito.
Pressionado
por uma crise institucional e pelas forças armadas o presidente Getúlio Vargas
cometera suicídio em agosto de 1954. A causa era política, orquestrada pelo
deputado Carlos Lacerda, excelente tribuno, que envolvera o major da
aeronáutica Rubens Vaz, tirando proveito de sua morte para incendiar o orgulho
dos militares. O que houve, de fato foi uma revanche, uma quartelada.
Políticos, representados por Lacerda, ao contrário de hoje, estavam imunes aos
escândalos. O Rio, então capital da República, ainda respirava os efeitos da
comoção causada pelo fato, quando ali cheguei em maço de 1955.
Inaugurado
em 1926, o Palácio Tiradentes foi sede da Câmara dos Deputados até 1960
Apaixonado
por história, debates e oratória, já despertando o interesse pela política,
passei a frequentar o Palácio Tiradentes sede da Câmara dos Deputados. Foram
tardes memoráveis, tive o privilégio de assistir a grandes debates e ouvir os
melhores oradores da casa, dentre eles Afonso Arinos, Aliomar Baleiro, Viera de
Melo, o maranhense Pedro Braga, Carlos Lacerda e tantos outros de igual cultura
e estirpe. Já se propalava que AGOSTO era o mês das catástrofes, não só no
Brasil mas no mundo todo e citavam-se exemplos: Bomba Atômica que lançada em
Hiroshima causou o maior número de mortes da história; suicídio do
presidente Getúlio; renúncia do presidente Jânio Quadros; morte do presidente
Juscelino Kubtchek, até hoje não esclarecido se acidente ou assassinato. A
lista era infindável mas, até hoje, não se justifica.
No momento o
Brasil é um “barco à deriva,” sem comando, navegando em mar de escândalos. A
Presidente, que hoje visita o nosso Estado, sem a menor condição moral para
governar tenta negociar com políticos indiciados por crimes, negociatas e
desmandos de toda ordem. Ela própria e o vice ameaçados de perda de mandato por
crime eleitoral. Os presidentes da Câmara e do Senado envolvidos em falcatruas
com o dinheiro público. Desesperados estão todos blefando em busca de saídas
para escapar da justiça. Se a linha sucessória está tão comprometida o povo se
questiona: qual a solução? A quem recorrer?
O caos
econômico não é menos caótico. Cada pauta bomba, votada na Câmara, atenta
contra os interesses nacionais. Urge uma coalisão suprapartidária para
dar sustentação às medidas drásticas e corajosas a serem adotadas. Os senhores
parlamentares têm consciência de que sem o Congresso ninguém
governa mas, acima de tudo, devem reconhecer que a instituição não
é moeda de troca.
A justiça
está cumprindo sua parte, compete à população a vigilância e compromisso
solidário para com a pátria. Se assim o fizermos não teremos que temer AGOSTO,
um mês igual a todos os outros.
Não há saída
fora da Constituição.
*Dr.
Magno Bacelar é advogado e exerceu os cargos de deputado estadual, deputado
federal, senador da república, vice-prefeito de São Luís e prefeito de Coelho
Neto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário