Domingo passado (15), o Fantástico revelou detalhes do “clube do carimbo”,
um grupo formado por pessoas que transmitem o vírus da Aids de
propósito. Nesta semana, o programa encontrou novas vítimas desse grupo
que age de forma criminosa. E perguntou às autoridades o que está sendo
feito para identificar os chamados carimbadores.
Depois da
confissão, a revolta de quem viu a reportagem de domingo (15) e foi
vítima de um “carimbador”: de uma pessoa que transmite o vírus da Aids
de propósito.
Uma dessas vítimas é vendedor, tem 32 anos e descobriu que era portador do HIV há quatro meses.
“Toda
hora ia no médico, toda hora sentindo muito cansaço. Cheguei a perder
em dois meses coisa de 13 a 14, 15 quilos”, conta o vendedor, que não
quis se identificar.
Ele diz que frequentava uma sauna no centro
de São Paulo e lá encontrou um homem, que não falou que tinha a doença.
Eles não usaram camisinha.
“Eu fui carimbado contra a minha
vontade. Não mudou só a minha vida. Mudou a vida de todo mundo que está a
minha volta. Você acha que, de repente, encontrou uma pessoa bacana. Na
verdade, essa pessoa está ali só pra te prejudicar”, diz o vendedor.
No domingo, o Fantástico mostrou como os carimbadores agem.
O
Ministério Público já conseguiu identificar um dos carimbadores e nos
próximos dias deve chamá-lo para prestar depoimento. Além de lesão
corporal grave, os dois homens que confessaram transmitir o vírus de
propósito também podem responder por outro crime: participar de
organização criminosa.
É que os carimbadores costumam trocar
mensagens em grupos secretos nas redes sociais. Também há páginas na
internet que incentivam as pessoas a transmitir o vírus de forma
intencional e ensinam como fazer isso sem o parceiro desconfiar.
“Vamos
tentar localizar os administradores, os proprietários desses blogs,
desses sites e vamos tentar tirar esses sites do ar, além de responder
por incitação ao crime”, afirma o delegado Ronaldo Tossunian.
Vítimas de carimbadores já estão procurando a polícia para denunciar.
“Estamos
localizando os autores através de vítimas que têm nos procurado e a
partir delas vamos atrás dos autores pra tentar provar que aquele
indivíduo foi responsável por passar, transmitir o vírus para aquela
vítima”, conta Ronaldo Tossunian.
O Instituto Emílio Ribas, em São
Paulo, é um hospital de referência no tratamento da Aids. Atende hoje
6,5 mil portadores do vírus.
“A maior parte dos pacientes
portadores de HIV são extremamente conscientes e preservam não só a
saúde própria como dos próximos”, explica Jean Gorinchteyn, médico do
Instituto Emilío Ribas.
O médico diz que os carimbadores fazem parte de um grupo restrito.
“Clube
do carimbo acaba acontecendo principalmente pra aqueles indivíduos que
não fazem o tratamento e que ainda mantém o estigma de revolta dizendo:
‘Como eu fui contaminado sem ser informado, assim eu vou fazer para
outras pessoas’”, conta Jean Gorinchteyn.
Um militar, de 33 anos, tem certeza que contraiu o vírus do ex-namorado.
“Eu
falava que eu tinha medo de ser contaminado. Ele falava: ‘não, eu não
tenho nada’”, lembra o militar, que não quis se identificar.
Ele diz que duas pessoas também foram infectadas de propósito pelo seu ex-parceiro.
“Essa
pessoa age na região, desta forma, usando as pessoas, passando o vírus
sem qualquer pudor, sem qualquer medo de punição”, afirma o militar.
“Nunca
tirem o preservativo das relações antes que ambos tenham feito
realmente um teste sorológico para garantir que não haja positividade
seja de um, seja de outro”, diz Jean Gorinchteyn.
“Conheça com
quem você está. Um minuto da sua vida, você pode se arrepender para o
resto da sua vida. Porque não é fácil conviver com o vírus”, alerta o
militar.
Do blog do Luis Cardoso.
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