Artigo
Nas últimas
semanas ganhou força na opinião pública o debate sobre a redução maioridade
penal. À primeira vista o que parece acontecer é uma discussão entre dois tipos
de pessoas: as que pretendem punir menores infratores e as que não acham que
essa é a melhor saída. O debate não é tão simples assim e precisamos olhar a
coisa sem paixões.
Como membro
da Comissão de Constituição e Justiça, votei à favor da admissão do projeto que
prevê mudanças na lei atual. Agora ele que passou pela comissão, ele deve entrar
em debate no plenário.
Na ocasião,
fiz questão de deixar claro que meu voto foi embasado em uma certeza simples, a
de que não podemos mais conviver com a impunidade. Eu não me referia a pequenos
crimes, deixo isso claro. Acredito na ideia de que nossas crianças e jovens
devem ser educados e que todo o esforço para que sejam tirados do mundo do
crime deve ser tentado. Uma criança ou adolescente em situação de risco deve
ter todas as chances possíveis para se ressocializar. E isso da maneira menos
traumática possível. O que, obviamente, não significa o ingresso no sistema
penitenciário.
Contudo, não
podemos nunca aceitar a hipótese de que todos os adolescentes que cometem
crimes são iguais e que seus delitos são os mesmos. É nessa parte que uma
parcela significativa das pessoas se confunde e perde o fio da meada do debate
sobre a redução da maioridade penal.
No início do
mês de abril o estudante Rafael Serra Santos, de 26 anos, foi morto no centro
de São Luís por dois menores. Tinha uma vida pela frente e foi executado de
forma cruel. Milhares são mortos da mesma forma por adolescentes que já haviam
matado antes e vão tornar a matar depois.
Não podemos
colocar na mesma situação uma criança em situação de risco que cometeu um
pequeno delito e um adolescente criminoso que, na certeza da impunidade, comete
os atos mais cruéis. As coisas são muito diferentes.
Crimes hediondos como estupro, sequestro, latrocínio, homicídio com uso de
extermínio, lesão corporal grave que provoca incapacidade permanente e
homicídio qualificado não podem ser considerados simples desvios causados por
situação de risco ou imaturidade. E o que dizer quando estes crimes são
cometidos duas, três, quatro, cinco, dez vezes?
Será que é
justo, em nome de uma compaixão inexplicável, permitir que um agente que cometa
esses crimes fique solto? Será que é justo com as famílias dessas vítimas ter
que conviver para sempre com a certeza de que o autor de tanta dor sofreu
apenas uma medida socioeducativa como punição?
Não, isso
não é justo. Em qualquer lugar do mundo não é. E, em minha opinião, menos justo
ainda é em um lugar onde os números destes crimes cometidos por adolescentes
cresce mais e mais a cada dia.
Como
deputado irei sempre lutar para defender a oportunidade de crianças e
adolescentes que por um motivo ou outro se desviam do caminho certo. Da mesma
forma, vou lutar incansavelmente para que criminosos cruéis sempre sejam
punidos por seus crimes.
André
Fufuca é deputado federal
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