A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira,
19/09, a Operação Miquéias que tem como objetivo desarticular duas organizações
criminosas com atuações distintas: uma de lavagem de dinheiro e outra de má
gestão de recursos de entidades previdenciárias públicas. Essa é a primeira
operação da história da PF no combate a esta espécie de crime.
Mais de trezentos policiais cumprem 102 mandados judiciais,
sendo 5 de prisão preventiva, 22 de prisão temporária e 75 de busca e apreensão
no Distrito Federal e nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais,
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Maranhão, Amazonas e Rondônia.
A investigação iniciou há um ano e meio para apurar lavagem
de dinheiro por meio da utilização de contas bancárias de empresas de fachada
ou fantasmas, abertas em nome de “laranjas” ou “testas-de-ferro”, de forma a
ocultar os verdadeiros responsáveis por tais movimentações. Verificou-se a
existência de uma holding de empresas que consistia em um
verdadeiro serviço de terceirização para lavagem do dinheiro proveniente de
crimes diversos.
Uma vez creditados nas contas bancárias das empresas
investigadas, os valores ilícitos ficavam circulando pelas demais contas
pertencentes à quadrilha até serem, enfim, sacados em espécie.
Os “laranjas” e as “empresas” eram periodicamente
substituídos por outros para não despertarem atenção dos órgãos de
fiscalização. Nos dezoito meses de investigação, foram sacados mais de R$ 300
milhões nas contas dessas empresas.
Até o momento, entre as inúmeras células criminosas da
organização, foram individualizados três núcleos distintos que contavam, inclusive,
com a participação de policiais civis do Distrito Federal, responsáveis pela
“proteção” da quadrilha.
No curso da investigação, observou-se que os líderes da
organização criminosa também desenvolviam outra atividade ilícita: o
aliciamento de prefeitos e gestores de regimes próprios de Previdência Social a
fim de que eles aplicassem recursos das respectivas entidades previdenciárias
em fundos de investimentos com papeis pouco atrativos, geridos pela própria
quadrilha e com alta probabilidade de insucesso.
Esses fundos eram formados por “papeis podres”, decorrentes
da contabilização de provisões de perdas por problemas de liquidez e/ou pedidos
de recuperação judicial dos emissores de títulos privados que compõem suas
carteiras. Severos prejuízos foram verificados no patrimônio desses regimes
próprios de Previdência Social.
Os prefeitos e gestores dos regimes de previdência eram
remunerados com um percentual sobre o valor aplicado. O esquema contava também
com a intermediação de importantes lobistas que faziam o elo entre agentes
políticos e a quadrilha.
Nessa investigação, foram verificadas irregularidades
especificamente nos regimes próprios de Previdência Social das seguintes
prefeituras: Manaus/AM, Ponta Porã/MS, Murtinho/MS, Queimados/RJ, Formosa/GO,
Caldas Novas/GO, Cristalina/GO, Águas Lindas/GO, Itaberaí/GO, Pires do Rio/GO,
Montividiu/GO, Jaru/RO, Barreirinhas/MA, Bom Jesus da Selva/MA, Santa Luzia/MA.
Os presos e indiciados responderão, na medida de suas
participações, pelos crimes de gestão fraudulenta, operação desautorizada no
mercado de valores mobiliários, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro,
formação de quadrilha e falsidade ideológica.
A Operação Miquéias contou com apoio fundamental do
Ministério da Previdência Social e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
* O nome da operação refere-se a Miqueias que denunciava os
governantes, chefes e ricos das cidades de Jerusalém e Samaria que roubavam o
povo através da língua enganosa, com armadilhas, exigiam presentes e subornos.
foi concedida entrevista coletiva às 9h30, no Auditório
do Instituto Nacional de Criminalística, localizado na Superintendência
Regional da Polícia Federal no Distrito Federal, SAIS, quadra 7, lote 23, Setor
Policial Sul, Distrito Federal.
Comunicação Social da Polícia Federal no Distrito Federal
Nenhum comentário:
Postar um comentário