Denúncias de corrupção envolvendo o ex-presidente da República e
ex-senador José Sarney (PMDB) levaram a Câmara e a Prefeitura de
Ribeirão Preto (SP) a alterarem o nome de um viaduto que há 30 anos
homenageia o político maranhense.
Aprovada em 2009, a lei que propõe a mudança foi embasada em acusações
apresentadas, na época, por três partidos políticos. As denúncias
apontavam que Sarney nomeou parentes para o Senado e usou atos secretos
para conceder benefícios e aumentar salários.
A legislação, porém, nunca foi regulamentada. Agora, a recente
acusação do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado de que Sarney
recebeu R$ 16,2 milhões em propina levou os veradores a pressionarem a
prefeita Dárcy Vera (PSD) a assinar o decreto, ratificando a mudança.
A partir desta sexta-feira (17), o viaduto entre as avenidas
Independência e Meira Junior, que liga as zonas norte e sul da cidade,
passará a ser chamado Jandyra de Camargo Moquenco. Ex-diretora de um
jornal local, Jandyra morreu em 2009, aos 88 anos.
Pedido popular
Autor do projeto, o presidente da Câmara de Ribeirão, Walter Gomes
(PTB), explica que a legislação foi aprovada em 2009, mas ficou
engavetada na Prefeitura, mesmo após pressão dos vereadores e da
população.
Na época, Sarney foi acusado de receber irregularmente
auxílio-moradia, nomear um neto e uma sobrinha para o quadro de
servidores do Senado, e usar o advogado da Casa em ação envolvendo
causas próprias. Todas as denúncias foram arquivadas pelo Conselho de
Ética.
“Naquele momento, foi um escândalo forte de corrupção. Agora, como
surgiram novas denúncias de que ele estaria atrapalhando os trabalhos da
Operação Lava Jato, não seria justo continuar com o nome dele sujando a
nossa cidade”, disse Gomes.
O vereador Rodrigo Simões (PDT) destacou que a lei federal n.º
6.454/1977 já proíbe atribuir nome de pessoa viva a qualquer bem
público. “O nome do Sarney nunca foi exemplo para nada. Depois do pedido
de prisão, mesmo negado, as coisas pioraram”, disse.
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