Por JM Cunha Santos:
Mais que
pecado, o apoio do PT a Roseana Sarney em 2010 foi uma heresia. Quase como
cristãos jogados aos leões no Coliseu estendendo os braços ao Imperador romano
e repetindo a célebre frase: “Os que vão morrer vos saúdam”. E apoiam. Porque,
sem mistificações, era o PT a única referência histórica real de oposição no
Estado. Inegociável, para todos os efeitos, com o regime que no Maranhão
açambarcava praticamente todos os partidos e confinava a seus propósitos todas
as instituições públicas.
A frase de
Flávio Dino não é e nunca pretendeu ser uma ofensa ao PT, como pretendem alguns
setores da mídia. É mais uma constatação que exibe os interesses pessoais de
uma cúpula que sequer foi seguida pela militância. A militância do PT, no
Processo de Eleição Direta (PED), impôs a Sarney a derrota que o agradecido
Lula transformou em vitória através de intervenção no diretório estadual. Um
ato político de força que provocou até expurgos na massa de filiados petistas.
Foi herético
o apoio a Roseana porque o PT do Maranhão até podia ser um partido inviável
eleitoralmente, mas era a agremiação que melhor enfrentava o regime imposto;
era o partido a que recorriam os sufocados pelo Império dinástico que ainda
assombra o Maranhão. O apoio a Roseana Sarney deturpou a filosofia do PT,
desorganizou sua doutrina, afastou muitos de seus poucos, porém fiéis
seguidores.
Afirmava
Georges Duby que todo herético torna-se tal por decisão das autoridades
ortodoxas; no caso, Lula e Sarney. Trinta anos de luta depois contra as forças
que imperam no Maranhão, de repente o sarneismo passa a ser o caminho
politicamente correto para os líderes do PT. E sabe Deus o que Lula e
Washington Oliveira disseram de Sarney em praça pública. Pular daí direto para
a idolatria ao regime condenável não é apenas pecado, é heresia mesmo.
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