Como se não bastassem as perdas
prováveis com corrupção que a Petrobras deverá reconhecer com as recém
construídas refinarias de Abreu e Lima e Comperj, outros dois projetos
em refino que nem saíram do papel já levaram a empresa a perda de R$ 2,7
bilhões.
A baixa com as refinarias Premium 1 e 2,
que seriam erguidas no Maranhão e no Ceará, foi reconhecida neste
trimestre e é, segundo a empresa, um dos principais fatores responsáveis
pela queda de 38% no lucro do terceiro trimestre em relação ao segundo,
de R$ 5 bilhões para R$ 3,1 bilhões.
Os quatro projetos foram propostos e
aprovados na gestão do ex-diretor Paulo Roberto Costa, delator na
Operação Lava Jato que cumpre pena domiciliar e responde a ações penais
por corrupção na estatal.
O comunicado da Petrobras que acompanha o
balanço do trimestre, divulgado na madrugada desta quarta-feira (28),
atribui as perdas a “descontinuidade dos projetos, indicando que elas
foram descartadas do plano de investimento. Não há detalhes adicionais a
respeito no documento.
“Trata-se de uma nova ‘Pasadena’, disse,
nesta madrugada, o gestor de um fundo de investimentos, ao deparar-se
com o número. Ele referia-se à compra da refinaria americana pela
Petrobras, entre 2006 e 2012, que resultou em perdas à empresa
calculadas em US$ 792 milhões, segundo o TCU.
Histórico
As duas refinarias começaram a ser
planejadas em 2008, sob justificativa de aproveitar as margens
financeiras do refino, na época mais favoráveis. A pedra fundamental dos
projetos foi lançada em 2010, em Bacabeira (MA) e Pecém (CE), pela
diretoria da empresa, com a presença do então presidente Lula.
Os investimentos previstos, na época,
eram de US$ 30 bilhões nas duas unidades. Premium 1 era prevista para
entrar em funcionamento em 2016 e a 2, em 2017.
Desde que a atual presidente, Graça
Foster, assumiu, em 2012, a Petrobras vinha levando os projetos em banho
maria. No início de 2014, as duas obras ainda estavam no plano de
investimento, mas sem indicação de grandes avanços.
Em meados do ano, o conselho de
administração da Petrobras começou a estudar a retirada dos dois
projetos dos investimentos previstos até 2018, diante do elevado custo
para sua construção, da queda nas margens obtidas com o refino e da
necessidade de redirecionar recursos para a exploração do pré-sal.
Ao depor à Justiça em outubro, na
Operação Lava Jato, Costa revelou que comandava um esquema de desvio de
recursos em sua diretoria, ocupada por ele entre 2004 e 2012, que
contava com a participação de empreiteiras, para superfaturar
contratos. Os montantes desviados eram repartidos entre funcionários da
empresa, lobistas e partidos políticos.
Do Blog Marrapá
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