Em 29 de
julho de 1994, a TV brasileira perdia um pouco da graça. Há 20 anos, Antônio
Carlos Bernardes Gomes, o Mussum, morreu deixando eterna saudade. Durante toda
essa semana, oVídeo
Show vai lembrar boas doses de risadas que o trapalhão deixou na
memória. Confira nos vídeos as atuações de Mussum em Os Trapalhões de
1983 e 1993!
Mussum teve
origem humilde, nasceu no Morro da Cachoeirinha, no Lins de Vasconcelos, zona
norte do Rio de Janeiro. Estudou durante nove anos num colégio interno, onde
obteve o diploma de ajustador mecânico.
Serviu na Força Aérea Brasileira durante oito
anos, ao mesmo tempo em que aproveitava para participar na Caravana Cultural de
Música Brasileira de Carlos Machado. Mussum iniciou sua carreira
artística tocando reco-reco no grupo Os Modernos do Samba.3
Fundou o grupo
Os Sete Modernos, posteriormente chamado Os Originais do Samba. O grupo teve vários
sucessos, as coreografias e roupas coloridas os fizeram muito populares na TV,
nos anos 1970, e se apresentaram em diversos países.
Antes, nos anos 1960,
é convidado a participar de um show de televisão, como humorista. De início
recusa o convite, justificando-se com a afirmação de que pintar a cara, como é
costume dos atores, não era coisa de homem. Finalmente estreia no programa
humorístico Bairro Feliz (TV Globo, 1965). Consta que foi nos bastidores deste show queGrande
Otelo lhe deu o apelido de Mussum, que origina-se de um peixe teleósteo sul-americano (escorregadio
e liso, já que conseguia facilmente sair de situações estranhas).
Em 1969 , o
diretor de Os Trapalhões, Wilton
Franco, o vê numa apresentação de boate com seu conjunto musical e o
convida para integrar o grupo humorístico, na época naTV
Excelsior. Mais uma vez, recusa; entretanto, o amigo Manfried Santanna (Dedé
Santana) consegue convencê-lo, e Mussum passa a integrar a trupe em 1973
(que na época ainda era um trio, pois Zacarias entrou no grupo depois, em
1974) que terminaria tornando-o muito famoso em todo o país. Mussum era o único
dos quatro Trapalhões oficiais que era afro-brasileiro (Jorge
Lafond e Tião
Macalé, apesar de também afro-descendentes e atuarem em vários quadros com
o grupo, durante vários anos, eram coadjuvantes).
Apenas
quando Os Trapalhões já estavam na TV Globo, e o sucesso o impedia de cumprir
seus compromissos, é que Mussum deixou os Originais do Samba. Mas não se
afastou da indústria musical, tendo gravado discos com Os Trapalhões e até três
álbuns solo dedicados ao samba.
Uma de suas
paixões era a escola de samba Estação Primeira de Mangueira,
todos os anos sua figura pontificava durante os desfiles da escola, no meio da Ala
de baianas, da qual era diretor de harmonia. Dessa paixão veio o apelido
"Mumu da Mangueira". Também era rubro-negro fanático.
Mussum foi
considerado por muitos o mais engraçado dos Trapalhões. No programa,
popularizou o seu modo particular de falar, acrescentando as terminações
"is" ou "évis" a palavras arbitrárias (como forévis, cacíldis, coraçãozis)
e pelo seu inseparável "mé" (que era sua gíria para cachaça).
O personagem
que vivia no programa Os Trapalhões tinha como característica principal o
consumo constante de bebidas alcoólicas, em especial a cachaça.
Mussum se
celebrizou por expressões onde satirizava sua condição de negro, tais como
"negão é o teu passádis" e "quero morrer prêtis se eu estiver
mentindo", além de recorrentes piadas sobre bebidas alcoólicas.
Também criou
outras frases hilariantes, que se popularizaram rapidamente, como "eu vou
me pirulitazis (pirulitar)", quando fugia de uma situação perigosa, ou
"traz mais uma ampola", pedindo cerveja, ou "casa, comida, três
milhão por mês, fora o bafo!", passando uma cantada em uma mulher bonita,
ou ainda "faz uma pindureta", pedindo fiado.
Seu
personagem constantemente brincava com os outros membros do grupo, inclusive
inventando apelidos divertidos ( Didi
Mocó era chamado de "cardeal" ou "jabá" ouZacarias era chamado de
"mineirinho de Sete Lagoas"). Também era alvo de gozações por parte
dos demais membros do grupo, recebendo apelidos como "cromado",
"azulão", "grande pássaro" entre outros, sempre ficando
evidente, entretanto, que as brincadeiras e gozações eram feitas num ambiente
de amizade entre os quatro, uma vez que, na maioria dos quadros do programa de
TV, os Trapalhões eram sempre quatro amigos que dividiam uma casa ou
apartamento, sendo normal, portanto, que eles constantemente dirigissem
gozações e criassem apelidos entre si.
Mussum
morreu em 29 de julho de 1994, aos 53 anos, não resistindo a um transplante de coração,
e foi sepultado no Cemitério Congonhas em São Paulo.5 Deixou
um legado de 27 filmes com Os
Trapalhões, além de mais de vinte anos de participações televisivas.
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