O ator
mexicano Carlos Villagrán, que interpretou o personagem Quico na série
“Chaves”, vai ver o jogo entre Brasil e México nesta terça-feira (17) com o
coração partido e preocupado com a arbitragem. Fã do Brasil, mas leal à sua
terra natal, ele diz que vai torcer “0,0001%” a mais para o México. Seu medo
são os juízes: “Quico” não foi com a cara dos árbitros de Brasil x Croácia e de
México x Camarões.
Carlos Villagrán se apresentou como Quico no Brasil em 2013 (Foto: Vanessa Carvalho / Ag. Estado) |
Carlos Villagrán (centro) visita Porto Alegre em abril de 2013 (Foto: Ricardo Duarte/Agência RBS) |
“Os árbitros
estão falhando muito. Detesto injustiças. É uma festa grande de futebol. A
honestidade e a justiça devem prevalecer”, diz o ator de 70 anos, em entrevista
por telefone ao G1, direto de Guadalajara, no México, de onde ele verá o jogo.
“O árbitro apitou muito mal, anulou dois gols legítimos nossos”, critica
Villagrán, sobre a estreia do México no grupo A, o mesmo do Brasil. O ator é um
dos embaixadores oficiais de Porto Alegre na Copa.
Melhor
ver o Pelé
Villagrán
viu Pelé jogar de pertinho na Copa de 1970. Um ano antes de estrear como Quico,
ele era fotojornalista e registrou o tricampeonato brasileiro.
“Foi muito
bonito. O Brasil era muito poderoso, a melhor seleção de todos os tempos. Só
craque. Como fotógrafo, chegava muito perto de todos os jogadores do Brasil. Os
mexicanos estavam loucos, aqui [o México] era como se fosse o Brasil, todos
torciam por vocês”, lembra o ex-fotógrafo do jornal “El Heraldo”.
Naquele
tempo, Villagrán se virava como fotógrafo, mas os sonhos eram diferentes.
“Sempre quis duas coisas. A primeira era ser jogador de futebol e a segunda,
ser comediante. Na época, era mais fácil entrar na TV como comediante que no
futebol, então fui.”
“Quico” e
“Chaves” disputavam o título de maiores fãs do futebol nos bastidores. “Os mais
fanáticos eram o Roberto Bolaños [criador e intérprete de Chaves] e eu”, conta.
Quando era época de Copa, parávamos sempre de gravar em dia de jogo. Só tinha
trabalho depois da partida”, lembra.
Brasil e
México x ‘gentalha’
Villagrán
ficará feliz tanto com vitórias do Brasil quanto do México. “São países como
irmãos. Não gostaria que jogassem juntos, pois gosto muito dos dois. Vou torcer
um pouquinho mais para o México. Mas depois quero que o Brasil ganhe. Vai ser
uma partida disputada”, prevê.
“No primeiro
jogo, o Brasil não mostrou todo o seu poder. Vocês têm um ‘jogo bonito’. Essa
expressão se conhece em todo o mundo. O Brasil tem que fazer alusão a esse jogo
bonito que só ele tem”, espera o mexicano.
“Quero que o
campeão seja outra vez o Brasil, para que tenha seis Copas. O México, claro que
também quero [que ganhe], mas não creio que tenha muitos bons jogadores para
que chegue ao topo do mundo”, admite.
‘Da parte
de quem?’
Villagrán
tentou telefonar várias vezes para Bolaños nos últimos dias, mas não conseguiu.
Os dois brigam por direitos relativos ao personagem Quico desde a saída do ator
da série, no final dos anos 1970.
“Ele trocou
de número de telefone para não ser incomodado. Tentei com gente conhecida, mas
não consegui mais. Quero falar muitas coisas, recordar os bons tempos de Chaves
e Chapolin. Saber como [ele] está de saúde. Só isso. Pelos tantos anos que
ficamos juntos”, diz.
Em
fevereiro, quando Bolaños completou 85 anos, um parente confirmou à agência de
notícias espanhola EFE que a saúde dele é “frágil” e que ele permanece quase o
tempo todo na cama, com acompanhamento 24 horas por dia. “Mas é um homem forte,
que não perde o senso de humor”, afirmou na época o familiar, que preferiu não
se identificar.
Do G1
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