São Paulo -
Se o 2.º turno da eleição fosse
hoje, Marina Silva (PSB) seria eleita presidente graças, sobretudo, ao voto dos
eleitores evangélicos. É o que revela a pesquisa Ibope divulgada pelo jornal O
Estado de S. Paulo.
Não é novidade a preferência do eleitorado evangélico por Marina. Em 2010, Dilma não venceu no 1.º turno por causa de campanha movida por pastores e seguida por padres |
Há empate
técnico entre Marina e Dilma Rousseff,
candidata do PT à reeleição, entre os católicos: 42% a 40%, respectivamente, na
simulação de 2.º turno. A diferença de dois pontos está dentro da margem de
erro.
Ou seja,
apesar de serem o maior contingente do eleitorado (63%), os católicos teriam
impacto quase insignificante no resultado da eleição, pois dilmistas católicos
anulariam marinistas da mesma fé.
O voto
decisivo seria dos evangélicos. Com 22% do eleitorado, eles têm praticamente o
dobro de preferência por Marina. Na média, 53% dos eleitores pentecostais, de
missão e de outras denominações evangélicas declaram voto na candidata do PSB,
ante apenas 27% que dizem preferir a atual presidente.
Os 15% de eleitores que não
são católicos nem evangélicos (ateus, agnósticos, outras religiões) também
pendem mais para o lado de Marina. Mas, além de terem um peso menor, a
distância que separa Dilma da sua principal adversária é menor entre eles: 27%
a 45%. É um grupo heterogêneo e, entre eles, não há líderes com a influência de
pastores e bispos entre os evangélicos.
Não é
novidade a preferência do eleitorado evangélico por Marina. Em 2010, Dilma não
venceu no 1.º turno por causa de campanha movida por pastores e seguida por
padres. O motivo: a hipotética defesa da legalização do aborto pela petista. A
maior parte dos eleitores que abandonaram Dilma migrou para Marina, dobrando
seu eleitorado na reta final.
Dilma negou
defender o aborto, mas não adiantou. Só foi recuperar parte dos eleitores
evangélicos quando se revelou que a mulher de seu adversário no 2.º turno, José
Serra (PSDB), fizera um aborto quando jovem.
O eleitor
evangélico sempre desconfiou da presidente. Em maio, uma nova onda tomou a
internet quando o governo Dilma regulamentou a execução de abortos autorizados
pela lei (casos de estupro, por exemplo) na rede de hospitais públicos do SUS.
A reação foi tão grande que o governo voltou atrás.
A intenção
de voto em Dilma entre os evangélicos cai desde então. Era 39% em maio, é 27%
agora. Entre os católicos, no mesmo período, a intenção de voto na presidente
oscilou muito menos, de 42% para 39%.
Já a entrada
de Marina na corrida eleitoral provocou uma revolução no eleitorado evangélico.
No começo de agosto, Eduardo Campos, então candidato do PSB, tinha 8% de
intenções de voto entre eleitores dessa fé - a mesma taxa do Pastor Everaldo
(PSC). Marina já entrou com 37%, abrindo uma vantagem de 10 pontos sobre Dilma.
O impacto
foi tão grande que pulverizou as intenções de voto no até então mais notável
candidato evangélico. O pastor caiu de 3% para 1% no eleitorado total, e de 8%
para 3% entre evangélicos. Everaldo é líder religioso e tem o apoio de outros
pastores, como Silas Malafaia.
Em nenhum
outro segmento do eleitorado Marina tem uma vantagem tão grande sobre Dilma do
que entre os evangélicos. Nem entre os jovens, nem no Sudeste, nem entre os
mais escolarizados, nem entre os mais ricos. Isso não significa que a maioria
dos eleitores de Marina seja evangélica - tem 56% de católicos. Mas Marina está
abaixo da média nesse segmento, e fica sete pontos acima entre os evangélicos.
A candidata
do PSB trocou a Igreja Católica pela Assembleia de Deus em 1997. Ela costuma
evitar a mistura religião e política no seu discurso, mas às vezes fala.
Questionada no Jornal Nacional sobre seu fraco desempenho eleitoral no Estado
de origem, o Acre, Marina disse: "Ninguém é profeta em sua própria
terra".
As
informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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